Mancha

fui dormir
com uma cor que flutuava
no pensamento
acordei
e ao longo do dia
derramei a cor na xícara do café que bebi
nos livros que abri
nos objetos que peguei
até que a cor ficou um pouco minha.
mas era minha?
a noite de sono a diluiu
e o dia a trabalhou:
não era mais a cor da maçã
que deixei na mesa de casa
não era mais a cor dos olhos do meu gato
que me olhou antes de sair
mas disso eu não podia mais saber
ao certo
porque já tinha perdido os rastros
e ela podia ser o que fosse
inclusive –
podia ser nada mais
que uma cor.

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