Arquivo para dezembro, 2015
Peregrina
I.
a ondulação de uma voz
fácil se insinua
se infiltra
em um sonho
e germina uma semente
de clarividência
em qualquer domínio
que a vigília não
acessa
vira fluxo que de lua em lua
se torna
um rio torto
II.
colho nos seus cílios
a água da chuva as palavras
que teço
dos seus dentes
meu verso minha língua
são amigos de outras vidas
III.
beijar a extensão
das suas costas
até sua nuca seus ombros cabelos
antes que o mundo acabe
antes que o deserto vire mar
IV.
te amar até que esse amor
seja sacudido de mim
como frutas e flores frouxas
são sacudidas de um galho
como as palavras
são sacudidas de seu significado
até que um dia
eu não te reconheça na rua