Arquivo para agosto, 2015

Sábado

a árvore chove folhas
uma, como uma gota, espera

(enquanto eu estiver à espreita
seus olhos não me procurarão)

a própria brisa, ocasionalmente
procura a janela
no interior da casa

nos quintais urbanos começam
as constelações a brilhar fracas

(que falta faz
uma janela com uma árvore)

ontem ainda eu decidi que ia mudar
a trama mas hoje passeio
sem meus próprios passos
sou só pés e sapatos
a cabeça leve demais

hoje a correnteza de folhas
me carrega pela calçada

nenhuma alma viva na rua
são umas três agora
lembra do que te disse?

que as pessoas todas se escondem por essas horas
preparando sabe-se lá o quê

é da brisa da janela que vem a ventania
bem-vinda

(eu me pergunto se ainda hoje atravesso a rua
antes que venha o seu cheiro de chuva)